Vídeo Mostra Escrivã Que Se Matou Sendo Xingada No Trabalho

Eduardo CoudetA Polícia Civil anunciou hoje que realizará uma investigação minuciosa do vídeo perturbador no qual a escrivã Rafaela Drumond, cuja morte ocorreu na semana passada, é alvo de xingamentos dentro de uma delegacia em Carandaí, MG. 

Nas imagens, um homem proferiu ofensas e ironizou a jovem, que manifestava intenção de denunciar o caso. "Grava e leva no Ministério Público, na Corregedoria", disse ele na gravação.

Na segunda-feira, o Sindicato dos Escrivães de Polícia (Sindep) relatou que uma semana antes de sua morte, ela havia procurado o setor jurídico do sindicato, mas o teor da conversa não foi divulgado. 

No entanto, em uma nota divulgada na terça-feira, o sindicato esclareceu que a escrivã consultou o Sindep em relação aos limites de carga horária de trabalho, mas não teria denunciado os assédios que supostamente sofria.

A Polícia Civil informou que a Corregedoria foi acionada e está conduzindo a investigação sobre as circunstâncias da morte de Rafaela Drumond. 

O vídeo mostra a escrivã conversando com um homem, com a gravação capturando apenas o áudio enquanto ela filma o chão. Em certo momento, o indivíduo chega a insultá-la com palavras ofensivas.

Descrição do Áudio

•    Homem não identificado: [Inaudível] Grava e leva no Ministério Público, na Corregedoria, na puta que pariu, nos diabos, leva pra quem você quiser.
•    Rafaela Drumond: Eu não sei porque você ficou tão estressado, eu não falei nada de mais contigo.
•    Homem não identificado: Ah, não, pronto [inaudível]. Você nunca fala nada de mais!
•    Rafaela Drumond: Mas eu não vou esquecer do que você me chamou não, tá, querido?!
•    Homem não identificado: Ah, de tudo que eu falei, ela tá preocupada com 'piranha' [risada]. É muita cabecinha fraca. É muita cabecinha fraca.

Apesar de uma coletiva de imprensa ter sido realizada, não foi revelado se algum funcionário da delegacia onde Rafaela trabalhava foi interrogado ou afastado de suas funções. 

A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública, que também não informou se algum agente foi desligado.

Além do vídeo, o celular de Rafaela será submetido a perícia, conforme anunciado pela polícia.

Como Rafaela Foi Encontrada

A Polícia Civil de Minas Gerais anunciou a abertura de um inquérito para investigar as circunstâncias da morte da escrivã Rafaela Drumond. 

De acordo com o registro feito pela Polícia Militar, Rafaela estava na casa dos pais e tirou a própria vida em um dos cômodos. Seu pai, Aldair Divino, foi o primeiro a ver a cena após ouvir o disparo. 

“Há três meses minha filha não estava no estado normal”, disse o pai de Rafaela.

Segundo o pai de Rafaela, a família havia notado uma mudança de comportamento na jovem nos últimos meses. No entanto, eles atribuíram essa alteração ao intenso estudo para um concurso para o cargo de delegado. 

A família revelou que Rafaela nunca compartilhou os episódios de assédio que estava enfrentando e que só tomou conhecimento do caso após a morte dela.